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Seminário sobre Sustentabilidade discute uso da água, energia e cultura sustentável

'O uso sustentável da água e da energia elétrica foram os temas discutidos no último dia do Seminário Internacional sobre Sustentabilidade, realizado pelo Sesc-DF, em parceria com a Universidade de Bras...'

Publicado em 05/10/2017 21h00 - 1 Atualizado em 06/10/2017 00h00

O uso sustentável da água e da energia elétrica foram os temas discutidos no último dia do Seminário Internacional sobre Sustentabilidade, realizado pelo Sesc-DF, em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), por meio do Laboratório de Pesquisa sobre Gestão do Esporte (Gesporte) e do Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS), no auditório da AdUnB, na L3 Norte. O evento que foi gratuito e aberto ao público, reuniu nos dias 5 e 6 de outubro cerca de 700 pessoas. Durante o evento, além da “Agenda 2030”, foi discutida a preparação para o 8º Fórum Mundial da Água, que ocorrerá em abril de 2018, no Distrito Federal.

Na parte da manhã, a mesa de debate contou com a participação do coordenador de Ciências Naturais e coordenador Adjunto de Ciências Humanas e Sociais da Unesco no Brasil, Fábio Eon; Percy Baptista Soares Neto, especialista em Economia do Meio Ambiente (Espanha) e Oscar de Moraes Cordeiro Neto, professor da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília (UnB), além do professor adjunto do CDS-UnB, Thomas Ludewigs.

// Água e energia

Especialistas e profissionais do setor debateram o consumo consciente da energia elétrica, o reuso da água e a necessidade da criação de projetos sustentáveis. Abrindo o debate, o coordenador da Unesco, Fábio Eon, explicou a necessidade da Agenda 2030, que segundo ele será responsável pelo desenvolvimento sustentável entre curto e longo prazo. “Precisamos pensar em alternativas para aliar a estética e a praticidade dos projetos a uma arquitetura voltada para a sustentabilidade. Nos dias atuais não é possível mais conviver com o desperdício dos recursos ambientais”, explicou Fábio.

A Agenda 2030 engloba os pilares do desenvolvimento sustentável e trata aspectos cruciais para a região em termos de educação, moradia, segurança alimentar, prestação de serviços básicos, desenvolvimento urbano, proteção social e gestão de riscos de catástrofes. Engloba também, o conceito de bens de interesse coletivo, como a proteção dos oceanos, da atmosfera e da biodiversidade.

As demandas da humanidade por recursos naturais são maiores do que a Terra pode produzir. Uma mudança para um crescimento mais sustentável  depende de mudanças em padrões atuais de produção e consumo. Enquanto as políticas atuais são bastante focadas em produção e fornecimento, o consumo também precisa ser tratado, alertou o especialista em economia do Meio Ambiente, Fábio Eon. “Cuidamos mal da água no planeta. Hoje, em menos de nove meses, as pessoas consomem mais recursos que o nosso planeta é capaz de produzir em um ano. E as economias emergentes aumentarão o consumo. Especialistas estimam entre 2 bilhões a 3 bilhões de consumidores ingressando na classe média até 2050. Esse crescimento de consumo é insustentável, por isso é essencial resolver esse problema”, explicou.

Em meio à maior crise hídrica da sua história, Brasília será anfitriã, em março de 2018, do 8º Fórum Mundial da Água – ponto que também foi tratado no seminário. Para o professor adjunto do CDS-UnB, Thomas Ludewigs, é preciso discutirmos os desafios do uso consciente da água no País, assim como as questões relacionadas à segurança hídrica, alterações climáticas, saneamento básico e saúde, “É um debate global com todos os setores envolvidos. O trabalho precisa dessa unificação”, disse. Ainda segundo Ludewigs, o Distrito Federal, ao longo dos anos, vem sofrendo os efeitos das mudanças climáticas e da degradação do meio ambiente, consequências do desmatamento predatório da vegetação típica do Cerrado, de captações clandestinas de água e das ocupações irregulares. “Tudo isso  ocasiona a impermeabilização do solo e o assoreamento de mananciais e nascentes”, explicou.

Além de mostrar um panorama da energia elétrica no País e as várias fontes utilizadas, o professor da UFRJ, Maurício Tolmasquim trouxe informações sobre o que está acontecendo no mundo, e como o Brasil está situado nesse processo. Foram abordadas as particularidades de cada fonte, como custos, a atual infraestrutura do País e as perspectivas de crescimento, entre outras questões. “No Brasil, a participação das fontes renováveis na matriz energética é de 44%, enquanto a média mundial é de 13%. As principais fontes renováveis utilizadas aqui são a hidráulica, que mantém uma participação estável, e os produtos da cana-de-açúcar, cuja importância relativa tem aumentado nos últimos anos. Esses energéticos destinam-se, principalmente, à geração de energia elétrica e ao setor de transportes, por meio dos biocombustíveis”, detalhou Maurício.

// Consumo e disciplina

Dando prosseguimento ao debate, os palestrantes conversaram com o público sobre consumo consciente. O professor Maurício Tolmasquim apontou ainda que há um consumo de energia e dos recursos naturais sem nenhuma contrapartida por esse uso. “Quando emitimos gases do efeito estufa e não pagamos por isso, estamos usando um recurso que é um bem comum”, disse.

O professor do Instituto de Energia da USP, Célio Bermann ressaltou a importância do acesso à informação para um consumo consciente. “Já passamos o momento de negação do problema. A internet nos trouxe o poder extraordinário de compartilhar. Agora, temos que compartilhar as soluções”.